Skip to main content

Ah! Liberdade! Foi a exclamação de uma das entrevistadas a propósito da recolha da memória sobre o 25 de abril de 1974 que expressa o sentimento de muitos portugueses nesse dia, ao saberem da revolução em curso e que pôs um termo ao regime do Estado Novo.

Os 50 ensaios visuais apresentados resultaram de um processo de investigação em artes visuais e design baseado na prática, que contou igualmente com a participação da comunidade. Este processo investigativo visou a criação de um menumento efémero, alusivo à memória dos 50 anos do 25 de abril de 1974 destinado a cada uma das freguesias do concelho de Santiago do Cacém. 

O seu desenvolvimento, na UC de Estudos de Arte e Design da Licenciatura em Artes Visuais e Tecnologias, enquadrou-se no projeto Time Lapse. Memória, Pós-Memória, Práticas Artísticas e Comunidade (IPL/IDI&CA2023/TimeLapse_ESELx) e foi preconizado pela parceria entre a Câmara Municipal de Santiago do Cacém e a Escola Superior de Educação de Lisboa - ESELx com o apoio das Juntas de Freguesia do Concelho. 

A sua atual apresentação, no contexto das comemorações dos 50 anos do 25 de abril na ESElx, resultou de uma proposta conjunta com o CIED (Linha de Investigação em Arte e Design) e permite à comunidade educativa aceder a materiais e imagens que, presentemente integram 16 monumentos efémeros espalhados por um território a mais de 100km de distância.

Os ensaios visuais basearam-se numa recolha de testemunhos e imagens junto da comunidade, realizada pela Divisão de Cultura e Desporto da CMSC (na pessoa de Luís Cruz, com a colaboração de José Matias e do Arquivo Municipal de Santiago do Cacém). 

A análise dos testemunhos verbais e visuais permite-nos discernir vários recortes temáticos que nos dão um vislumbre da realidade social durante o Estado Novo no Alentejo e as mudanças trazidas pelo 25 de abril de 1974. De entre este temas destacam-se as dificuldades em aceder à educação e ao sustento básico por uma larga maioria de assalariados rurais (“os trabalhadores do campo”), a dureza do trabalho rural desde a infância, a guerra colonial, a condição da mulher, a prisão, a emigração, a censura, o PREC ou a Reforma Agrária.

As vozes dos 23 homens e mulheres, recolhidas junto da comunidade, expõem realidades que aparentemente estariam utltrapassadas não fossem as sombras que pairam atualmente sobre a celebração da democracia e da liberdade ou de um recrudescimento de discursos, representações e formas de exploração que se julgavam extintas pela conquista de diretos laborais. Elas interpelam a nossa responsabilidade diária na defesa de valores essenciais para a salvaguarda de uma sociedade sã, a qual não pode estar desligada de um pensamento e discurso historicamente informados, do direito e do dever de memória como  pilares fundamentais para compreender o passado, agir sobre o presente e perspetivar o futuro. 

Teresa Matos Pereira

 

Participantes

Bárbara Figueiredo
Beatriz Henriques
Beatriz Moreira
Beatriz Rocha
Carolina Ferreira
Carolina Novo
Diana Martins
Diogo Agulheiro
Eduardo Ventura
Fabiana Silva
Fátima Daniela Silvestre
Jaden Gomes
Joana Batista
Joana Gonçalves
Jorge Duarte
Karla Pimentel
Leonor Pereira
Leonor Santos
Margarida Borges
Margarida Martins
Maria João Rodrigues
Mariana Leite
Mariana Martins
Mariana Venâncio
Matilde Silva
Mónica Alves (Ozzy)
Pedro Figueiredo
Pedro Montalto
Ruben Pinheiro 
Sara Albuquerque