A Mediação Artística e Cultural (MAC) enquanto área de investigação surge em Portugal muito recentemente e, por isso, parece-nos pertinente oferecer um momento de partilha entre profissionais interessados por práticas e conceções sobre cultura e arte, sobre o lugar e papel da ação da Mediação Artística e Cultural enquanto exercício de transformação e desenvolvimento social. A partir de reflexões ancoradas na produção de conhecimento científico, desejamos confrontar as perspetivas e consolidar esta praxis orientada para construção de uma sociedade mais democrática, inclusiva e sustentável. A premência deste exercício nasce com as alterações do papel e lugar dos artistas e das artes nas sociedades atuais, assim como as relações entre populações ou públicos e as diversas manifestações artísticas que abriram o espaço profissional e territorial que acolha esta nova função. A mediação artística e cultural assume-se assim como resultado do cruzamento de domínios científicos e artísticos e são estas características que importa desenvolver de forma sistemática.
A intersecção dos domínios das artes (investigação criação) e das ciências sociais (investigação ação) tornou-se central no desenvolvimento desta função, uma vez que não só as artes tomaram formas mais diversificadas com linguagens variadas e cruzadas, como também ocuparam espaços novos, nomeadamente espaços públicos, como a rua, espaços privados, como edifícios desocupados (Zebraki, 2013), mas igualmente espaços virtuais (Kim, 2020), com ferramentas propostas pelas indústrias digitais. Assim, os cidadãos são interpelados para participar em criações artísticas coletivas, envolverem-se em projetos e/ou mobilizar-se para causas políticas ou humanitárias. Primeiro, os museus, depois, os teatros e outras instituições culturais criaram serviços educativos para aproximar as pessoas das manifestações artísticas e culturais, oferecendo novas possibilidades criativas e participativas de relação entre o público e objetos/práticas artísticas e equipamentos culturais.
A revisão de literatura (Henry, 2014, Lussier, 2015, Mörsch & Holland, 2015, Arnaud, 2018) permite obter contributos para uma melhor definição do conceito de mediação artística e cultural salientando, entre outros aspetos, as finalidades que podem ser prosseguidas. Mais concretamente neste congresso, inspiramo-nos essencialmente no conceito francês de “médiation culturelle”, que combina a democratização da cultura com a democracia cultural (Teixeira Lopes, 2009), no sentido, como disse Philippe Henry “de permettre à chacun de mieux se construire par des pratiques culturelles où l’art porte sa propre efficience en termes d’expressivité, d’énonciation et de relation au sein d’un cadre de vie ordinaire et d’un environnement sociopolitique donnés” (2014, p. 87).
Apesar da crescente relevância da ação dos profissionais do setor cultural na sociedade portuguesa, nenhuma categoria profissional específica para a realização de trabalhos que visam o envolvimento de públicos a partir de um processo de acompanhamento foi reconhecida até à data. Nesse sentido, é necessário investigar sobre o quadro conceptual e científico nesta área a fim de reunir condições para a profissionalização e desenvolver propostas conceptuais e metodológicas que permitam a afirmação da Mediação Artística e Cultural enquanto área de saber e de intervenção social.
Data e local do Congresso
11 e 12 de julho de 2022
Escola Superior de Educação de Lisboa Campus de Benfica do IPL, 1549-003 Lisboa, https://www.eselx.ipl.pt/mapa
O acesso ao congresso é gratuito. Viagem, alojamento e alimentação são da responsabilidade dos participantes.
Coordenação do congresso
Coordenação de curso da licenciatura em MAC: Laurence Vohlgemuth, Cristina Cruz
Apoios
Escola Superior de Educação de Lisboa – Instituto Politécnico de Lisboa (ESELx – IPL)
Centro Interdisciplinar de Estudos Educacionais (CIED)
Associação Portuguesa de Mediação Artística e Cultural (APMAC)