De esperanças, embailou-nos a nossa mãe. Escutámos-lhe o coração, a voz, adormecemos em colo interno de calor. Terá então o tempo trazido braços de acalento e aconchego, o regaço de pele quente onde nos abandonámos, em diálogo com memórias de calor e do redondo interno. E sempre a intimidade do coração, agora do lado de fora. No embalo nos perdemos, vulneráveis; nele nos encontramos, em pertença. Uma possibilidade de prazer inefável, a rendição a esse balanço além-maternal, humano, de movimento intemporal e perpétuo.
Neste concerto entrelaça-se o Cramol, grupo de mulheres cantadeiras que sentem juntas o poder da feminilidade há 45 anos, que viveram a matrescência lado a lado, que “procuram no seu interior o timbre e a disposição que nasce com cada útero”, com um grupo de jovens de mais subtil ligação à ancestralidade que revisita agora o lugar de embalos daqui e dali, de dentro e de fora, de presença e de ausência. O que nascerá e renascerá deste encontro?
Em lugar de escuta, ternura e descoberta, partimos do embalo. Embalados e embailando viemos juntos, celebrando-o com as nossas vozes. Convidamos-te agora a celebrar connosco. Podemos ter esquecido, mas o nosso corpo lembra-se. Vens lembrar?
14 de junho, às 21h
Salão Nobre da ESELx